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Divulgação
Um estudo recente revelou que houve um acréscimo de quase 50 mil casos de agressões contra idosos no Brasil em 2023. O número faz parte da pesquisa intitulada "Denúncias de Violência ao Idoso no Período de 2020 a 2023 na Perspectiva Bioética”, que aponta um aumento progressivo das ocorrências nos últimos anos.
A pesquisa foi realizada pelas professoras Alessandra Camacho, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Programa Acadêmico em Ciências do Cuidado da UFF, e Célia Caldas, da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Em entrevista à imprensa, Alessandra Camacho aponta que parte desse aumento de casos está relacionado ao fato de que mais pessoas estão tendo mais coragem para denunciar os casos de agressão.
“Essa análise nos faz vivenciar algumas suposições importantes: a violência já acontecia, mas agora as pessoas, cientes dessa situação, porque são diversos tipos de violência, estão buscando os meios de denúncias seja em delegacias, seja na própria Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A sociedade precisa se conscientizar, e creio que isso está acontecendo”, afirmou.
A análise dos dados revela que a região Sudeste liderou os registros de violência, com 53% dos casos. A pesquisa atribui o número à concentração de idosos nesta área do país. No entanto, a violência não se limita a uma região específica.
Um aspecto citado na pesquisa é a vulnerabilidade dos idosos com mais de 80 anos, que representaram 34% dos casos em 2023. Essa faixa etária, já fragilizada por questões físicas e sociais, parece ser alvo frequente de violência, conforme o levantamento.
O estudo revela que as mulheres idosas representaram mais de 67% das denúncias notificadas de 2020 a 2023, um dado que reflete as desigualdades de gênero em nossa sociedade.
“Esse também é um dado relevante porque as mulheres alcançaram um quantitativo de mais de 60% no período estudado, e isso se repetiu em 2024, o que só vem confirmar que a mulher tem também situação de vulnerabilidade”, afirmou a professora, que defende políticas públicas para essa parcela da população.
Além disso, os filhos foram identificados como os principais suspeitos em mais da metade dos casos registrados em 2023, o que representa 56,29% das denúncias. O estudo mostra que a maior parte das denúncias e violações relatadas ocorreram na casa onde a vítima e o suspeito residem.
Mulheres idosas representaram mais de 67% das denúncias
Medidas para combater a violência contra idosos
Em meio ao aumento dos casos, Alessandra Camacho ressaltou a importância de continuar a análise anual das informações sobre violência contra idosos, além de ampliar a divulgação do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.
Além disso, a pesquisadora enfatizou a necessidade de políticas públicas destinadas à proteção dos idosos, incluindo medidas de acolhimento e capacitação de profissionais que lidam com esses casos, como policiais, profissionais de saúde e juristas.
“Políticas de acolhimento, capacitação de profissionais que fazem acolhimento, não somente da área de saúde, mas um policial em uma delegacia, um profissional da área jurídica que está auxiliando no momento de uma denúncia, porque pode ser uma violência patrimonial em que o idoso está pode sofrer dano financeiro", diz Camacho.
Uma forma mais direta de denunciar casos de violência contra idosos é o Disque Direitos Humanos - Disque 100, ou por meio de delegacias delegacias preparadas especialmente para atender essa parcela da população, além do Ministério Público, que também faz esse tipo de acolhimento.