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Corpo de Bombeiros e Semarh reforçam conscientização da população para evitar queimadas
Segundo o Corpo de Bombeiros, 90% dos focos de incêndio são provocados, e não naturais.
Divulgação
Com o início do período seco, o Corpo de Bombeiros do Piauí alerta a população sobre as queimadas, seja em áreas urbanas ou rurais, por que, segundo a corporação, há grande risco dessas se tornarem incêndios, além de danos ao meio ambiente e à saúde pública. Apesar do clima seco contribuir, 90% das queimadas são provocadas pela população, segundo o Corpo de Bombeiros. Em 2022, houve 1.681 ocorrências de incêndio florestal no Piauí.
Em junho, houve 100% de aumento no número de queimadas no Piauí em relação a maio. O coronel Emídio José Medeiros de Oliveira, comandante operacional do Corpo de Bombeiros, alerta que provocar queimadas é crime. A lei federal 9.605/98, que trata sobre a legislação ambiental, prevê multa, detenção e reclusão para o autor, e de outras penalidades de acordo com a extensão dos danos.
Por isso, Emídio diz que as pessoas que moram nas cidades não devem queimar o lixo, resíduos sólidos, folhas, galhos e troncos. “O lixo deve ser colocado no saco adequado para ser recolhido pela prefeitura. Já os resíduos sólidos precisam ser separados pelo morador, e levá-los aos locais destinados pelo município, que fará o recolhimento”, orienta o coronel.
O comandante alerta ainda a fumaça preta resultante do fogo que, mesmo em pequena quantidade, libera gás carbônico, um dos gases mais tóxicos que existem. “Além de aumentar a temperatura, traz problemas respiratórios”, frisa o bombeiro militar.
Na zona rural, são comuns queimadas provocadas por agricultores. Emídio orienta que, se essa for a única técnica de limpar a roça, o agricultor precisa pedir autorização para a Secretaria do Meio Ambiente do município, que vai orientar como a queimada pode ser feita. “Os horários mais adequados são início da manhã ou fim da tarde, que não há ventos. Infelizmente, ainda há aqueles que provocam queimadas ao meio dia, em que o evento faz o fogo espalhar rápido”, diz Emídio.
Fatores climáticos e ambientais que influenciam nas queimadas
Sara Cardoso, climatologista, coordenadora da Sala de Situação da Semarh e validadora do Monitor de Secas, destaca que a população também deve estar atenta às condições climáticas e como elas impactam nas queimadas. “Podemos observar que as queimadas no Piauí começam em julho, na região sul do estado, e vão sendo potencializadas rumo ao norte à medida que os meses vão passando”, disse a profissional. “E o mês de julho corresponde à estação do inverno, que é uma estação ventosa e de baixa umidade, fatores que alimentam os focos de queimada”, completou a técnica.
A especialista chama atenção ainda para a questão da vegetação, que nessa fase em que se iniciam as queimadas, já se encontra seca, por conta da ausência da pluviosidade das chuvas. “E uma vegetação nessa condição, seca, serve como combustível para alimentar esses focos de incêndio e queimada”, comenta a climatologista.
Ações do Governo do Estado
No Piauí, algumas secretarias e outros órgãos estaduais já estão desenvolvendo, juntas, o Plano Estadual de Ações Integradas de Prevenção, Controle e Combate aos Incêndios Florestais, de modo a tornar mais eficaz o trabalho dos órgãos nesse sentido.
No dia 22 de junho deste ano, um grande incêndio no município de Canto do Buriti, a 414 Km de Teresina, por pouco não causou um blecaute de energia no Nordeste. “O incêndio aconteceu próximo às linhas de transmissão de energia, mas conseguimos conter”, afirmou o comandante. Em 2022, houve 1.681 ocorrências de incêndio florestal no Piauí.
Para amenizar a quantidade de focos de incêndio, o Corpo de Bombeiros realiza constantes treinamentos das brigadas nos municípios, formadas por voluntários que atuam em locais em que não há uma unidade do Bombeiros. Atualmente, a corporação tem batalhões ou companhias em Teresina, Picos, Parnaíba, Floriano, Piripiri e São Raimundo Nonato. Oeiras e Bom Jesus vão ter unidades ainda este ano.
Segundo o comandante Emídio Oliveira, o efetivo do Bombeiros é de 330 profissionais, número que deve dobrar no próximo ano, já que 200 aprovados no último concurso estão no curso de formação e outros 200 irão se formar em 2024.
Classificações de queimadas
Em meio às repercussões sobre o fogo, é natural surgir dúvidas sobre as diferenças de termos como “focos de calor”, “incêndios” e “queimadas”.
Focos de calor são temperaturas captadas por sensores dos satélites de monitoramento. Atualmente, as informações são disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) cerca de 20 minutos após as passagens dos satélites, e também pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semarh). Contudo, nem tudo que é foco de calor é incêndio, e nem todo incêndio é detectado pelos sensores.
Queimada controlada é o emprego do fogo como fator de produção e manejo em atividades agropecuárias ou florestais em áreas com limites físicos previamente definidos e realizado de forma planejada e controlada, com autorização do órgão estadual competente (Lei Federal Nº 12651/2012). Nas queimadas controladas o fogo alcança baixas intensidades e, por isso, seus efeitos são muito distintos de incêndios.
Na agricultura e pecuária, esse tipo de prática é empregada para preparo de terreno, limpeza e recuperação de pastagens, bem como na limpeza para o pré-corte de canaviais e na queima de restos de culturas. Já na área florestal, a queimada controlada é usada principalmente para preparo de terreno e redução de material combustível, e também, para eliminar espécies indesejáveis, controlar insetos e fungos, melhorar o habitat para a fauna e facilitar o acesso para o corte da madeira.
Existe ainda a queimada, que consiste numa prática rural que utiliza o fogo de forma controlada, mas sem autorização ou acompanhamento formal e legal dos órgãos competentes. Por isso, apesar de ser iniciada de forma controlada e intencional, a queimada ainda é arriscada, pois não conta com a supervisão e medidas de segurança da queimada controlada propriamente dita.
Na queima prescrita, há uso do fogo autorizado, pelos órgãos competentes, em uma área de conservação ambiental, para fins ecológicos, socioculturais e de prevenção a incêndios. Essa prática é adotada principalmente para a redução do combustível florestal em áreas onde a queima já ocorre em períodos previstos. Além disso, serve para manejo de paisagem e preservação dos ecossistemas dependentes do fogo.
Incêndio florestal é fogo fora de controle, em qualquer tipo de vegetação, seja em plantações, pastos ou áreas de florestas. Os incêndios podem ser provocados pela ação humana – acidentalmente ou de maneira criminosa -, ou por causas naturais, se desenvolvendo, sobretudo, nos períodos de seca prolongada, baixa umidade do ar e aumento da temperatura do ar. Nesse tipo de ocorrência, o fogo se propaga livremente, com grande potencial de destruição.
Além de ocorrerem em ambiente rural, os incêndios também ocorrem em áreas com vegetação nas cidades. Os transtornos causados pelos incêndios próximos aos centros urbanos, são sentidos diretamente pela população, principalmente em consequência da fumaça, agravando os problemas respiratórios, prejudicando a visibilidade no trânsito em ruas e rodovias e que pode comprometer o espaço aéreo.