Cultura

Governador e ministra da Cultura assistem à primeira exibição do documentário sobre Esperança Garcia

Exibição faz parte das comemorações do Bicentenário da Independência do Piauí.

Divulgação

O governador Rafael Fonteles e a ministra da Cultura, Margareth Menezes, prestigiaram, nessa terça- feira (7), a primeira exibição do documentário “A Carta de Esperança Garcia”, do cineasta Douglas Machado. O filme foi feito a partir de uma carta escrita por uma piauiense, negra, escravizada e que, em 1770, denunciou ao governador da província as situações de maus-tratos e desumanas pelas quais ela, sua família e outros escravos passavam. Esperança Garcia, a autora da carta e tema do documentário foi reconhecida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Nacional como sendo a primeira advogada do Brasil, sua carta sendo considerada a primeira petição escrita por uma mulher no país.

A exibição do documentário faz parte das comemorações alusivas ao bicentenário de Independência do Estado do Piauí, sobretudo com a proximidade da data em que se comemora também os 200 anos da Batalha do Jenipapo. A obra faz uma ligação com as “Esperanças Garcia” da atualidade e conta com a participação da atriz e cantora Zezé Mota, da primeira governadora negra do Piauí, Regina Sousa, e ainda quatro mulheres negras piauienses, Chitara Sousa, Tina Ribeiro, Catarina Santos e Luiza Miranda, que expressam sua força nos dias atuais.

Dividido em quatro partes, o documentário estrutura imagens que pensam a realidade atual – nos quilombos e nas cidades – propondo, com isso, uma dupla codificação (existencial e política) relativa à luta por direitos civis.
Emocionada, a ministra da Cultura achou o documentário muito interessante. “Além de levantar a memória de Esperança Garcia, achei muito interessante e importante para a memória da nossa cultura e em especial à renovação dessa carta, porque faz parte da memória e da história do povo preto no Brasil. A história de Esperança Garcia é a história de uma mulher simples, corajosa, mas que deixou seu nome escrito como a gente pode expressar hoje. É esperançar e esperançar”, disse Margareth Menezes.


Na oportunidade, o cineasta Douglas Machado, diretor do documentário, explicou que o filme ainda está em laboratório, na parte de finalização de marcação de luz para chegar à versão de cinema, onde deve haver um lançamento oficial e será enviado para os festivais de cinema até chegar às escolas. “Essa é uma exibição especial, feita pelo Governo do Estado do Piauí para dizer que o filme terminou, mas ainda vem uma longa trajetória mais técnica pela frente que começa hoje. Mas estou muito feliz porque público reagiu tão bem. Reagiu o tempo todo, com aplausos, com sorrisos”, disse o o cineasta.

A ex-governadora Regina Sousa e atual secretária de Estado da Assistência Social exclamou que “nós somos todas Esperanças. Esperança do verbo esperançar. Esperançar lutando, agindo. Nós somos esperança de ver um país onde os homens não nos matem, onde as pessoas não sejam escravizadas e que as crianças não trabalhem. Que as Suelis (referência à professora Sueli Rodrigues (in memoriam) umas das entusiastas do levante da história de Esperança Garcia) não morram sem ver os seus sonhos realizados”.

O governador destacou a importância do filme para a sociedade. “É uma oportunidade para que nós piauienses possamos conhecer mais sobre a nossa história, sobre pessoas simples que com a sua força fizeram e fazem diferença. São histórias que nos inspiram. No Piauí, com o nosso secretário da Cultura, Carlos Anchieta, vamos ampliar ainda mais e democratizar ainda mais o acesso à cultura”, disse Rafael Fonteles.